sexta-feira, 9 de setembro de 2011

REFLORESTAMENTO E RECUPERAÇÃO DE MATAS NATIVAS

É muito comum o questionamento sobre quais as espécies nativas devem ser plantadas em uma área degradada, com intenção de se fazer um reflorestamento ou regeneração de mata nativa, e também qual a melhor forma de fazê-lo. Existem aí algumas considerações:

1- Plantar ou deixar por conta da natureza

Existe uma opinião, endossada por setores do IBAMA, que recomenda deixar a regeneração da mata de forma espontânea, não plantando nem roçando o mato, apenas cercando a área para impedir entrada de gado. Desta forma voltariam a ocorrer espécies naturais da região, vindas de sementes das proximidades ou mesmo em estado de dormência.

Acreditamos porém que esta não é a melhor forma de se recuperar de maneira rápida e segura, pois este modelo se aplica a áreas apenas perturbadas, e não totalmente degradadas ou ocupadas por pastos. Nestes casos, sem a interferência do homem, dificilmente a mata nativa voltaria ao que era. O mais provável é que a área se torne uma chamada “capoeira”, com poucas espécies, e entre elas a predominância de invasoras agressivas.

Assim sendo, o plantio de espécies nativas controlado, convivendo com parte da vegetação espontânea, parece ser a melhor opção.

2- Fator de regeneração progressiva.

Em uma área degradada, a recomposição da mata se faz por etapas. Em primeiro lugar aparecem as espécies pioneiras, mais rústicas, tolerantes ao sol pleno, de pequeno a médio porte, crescimento rápido e menos exigentes. Após estabelecido o que chamamos "mato", composto destas espécies e arbustos, que normalmente são as consideradas pragas da lavoura, começam a surgir as espécies intermediárias, que se aproveitam da sombra das primeiras, e depois as chamadas "climax", que são arvores de grande porte e longevidade, que dominarão a mata, reduzindo as pioneiras a um percentual muito menor, formando o chamado sub-bosque.

Portanto, quanto a este fator, deve-se evitar o plantio de espécies climax em terreno aberto e limpo. Em grandes reflorestamentos é comum o plantio simultâneo de todas as espécies, misturadas. Considera-se então que as pioneiras se desenvolverão mais rapidamente, fornecendo sombra para as climaxes. Ou então procura-se aproveitar a vegetação existente, e plantar as climaxes em seu meio. Nestes casos, é necessário dosar a proteção fornecida pelas pioneiras, devido ao risco de abafamento, fazendo limpezas seletivas de tempos em tempos.

3- Fator clima, altitude, solo.

Existem espécies que se adaptam melhor a solo mais seco ou mais úmido, arenoso, etc. Algumas espécies preferem climas frios, outras só produzem com muito calor. Algumas exigem altitudes mais baixas ou mais elevadas. Normalmente as espécies climaxes exigem um solo mais rico em adubação. Com uma boa literatura é possível obter muitos destes dados.

Efetivamente, vai se obter um resultado melhor escolhendo-se as espécies adequadas.

4- Fator regional (macro região).

Existe uma vegetação caraterística para cada região do país. As principais são:

Floresta Amazônica

Cerrado

Caatinga nordestina

Mata Atlântica

Vegetação litorânea

Pantanal

Mata das Araucárias e campos do sul

Normalmente uma espécie que compõe a vegetação típica da região a ser reflorestada sempre se adaptará bem, respeitando-se compatibilidade de clima e solo.

Por isso é importante observar as matas remanescentes da região, identificando as espécies que se adaptam bem ali, e dar preferência a elas. É muito comum que uma espécie exuberante em uma região não consiga boa adaptação a outra, as vezes a poucos quilômetros do local. Desta forma é muito importante plantar as espécies predominantes da mata original, de preferência originárias de sementes colhidas nas proximidades, que certamente apresentarão desenvolvimento mais rápido e garantido, e depois mescla-las com outras espécies nativas de interesse.

5- Fator aplicação.

Trata-se da finalidade para que se quer o reflorestamento. Normalmente os mais comuns são três requisitos:

Árvores frutíferas para atrair e manter a fauna (muitas vezes não são frutos comestíveis para o homem),

Árvores de grande porte (as tradicionais, também conhecidas como madeira de lei)

Árvores com floração atraente, que também são melíferas, para a apicultura (procurando-se espécies que floresçam em épocas diferenciadas).

Existem muitas espécies que atendem a mais de um dos requisitos, as vezes até os três.

Alguns exemplos de espécies nativas de cada tipo.

Frutíferas: Goiaba, Araçá, Murici, Papagaio, Pombeira, Cajá, Pitanga, Gabiroba.

Grande porte: Jequitibá, Sapucaia, Peroba do Campo, Inuíba, Copaíba, Garapa.

Com Flores: Ipês, Quaresmeira, Mulungu, Canafístulas, Faveiro.


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